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quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Seteais

A história portuguesa de hoje leva-nos para um dos mais belos cantos do país, Sintra.
      Na serra de Sintra, à um lugar ao qual deram o nome de Seteais, onde hoje existe um belo palácio que funciona como hotel de luxo.
      Como devem saber, muitos nomes de ruas, cidades e quintas derivam de histórias dos tempos antigos, e este caso não é excepção.
      A história de hoje, trás a explicação do nome: Seteais.


      A história começa em 1147, altura em que D. Afonso Henriques conquistou Lisboa.
Nessa mesmo época, Sintra estava isolada do restante território árabe, e viu-se obrigada a render-se.
      Segundo diz a lenda, um dos primeiros cristãos a subir à serra foi D. Mendo de Paiva, que encontrou uma porta secreta por onde fugiam vários mouros.
Entre todos os mouros, havia também uma bela jovem moura com a sua aia, e como era de esperar a jovem moura atraiu de imediato a atenção do cristão.
      A bela rapariga apercebendo-se de que Mendo Paiva a olhava de alto a baixo, por se sentir descoberta, suspirou, soltando um "ai".
A aia aflita com tal suspiro, pediu-lhe para que não o volta-se a fazer, pois se o fizesse seria a sua desgraça.
      Mas D. Mendo, desconhecendo tal profecia, decidiu fazer da jovem sua prisioneira, o que a levou a suspirar pela segunda vez, soltando novamente um "ai".
      A velha aia, que via agora o caso mal parado resolveu revelar ao cavaleiro o seu segredo:
- Não digas mais nada cristão! Não digas mais nada, que a minha menina carrega uma terrível maldição!
- Como assim velha?
- Ah cavaleiro... à nascença foi amaldiçoada por uma feiticeira que odiava a sua mãe por lhe ter roubado o homem que amava. Fadou-a a morrer do dia em que solta-se sete "ais"... e como vês, já deu três!
      D. Mendo Paiva soltou uma gargalhada ao mesmo tempo que a jovem soltava mais um "ai".
- Não acredito nessas coisas velha! Olha, a partir de agora ambas ficaram à minha guarda. Eu quero para mim a bela jovem que acompanhas.
      A moura suspirou mais uma vez, e a aia louca de desespero, gritou:
- Ouviste, cavaleiro, ouviste?! É o quinto "ai"! Que Deus lhe possa valer!
- Não tenhas medo! Espera aqui um pouco... Voltarei em breve para vos levar para um sitio sossegado.
      Depois do mouro de afastar, um grupo de mouros que tinham ouvido a conversa, e preparavam-se para roubar as duas mulheres.
Com um golpe de adaga cortaram a cabeça à velha.
A jovem, ao ver a sua aia morrer daquele modo inesperado e cruel, soltou o sexto "ai".
O sétimo suspiro, foi a ultima coisa que prenunciou segundos antes da mesma adaga se voltar para si e lhe cortar o seu pescoço.
      Pouco depois D. Mendo voltou, e ficou tristemente espantado.
Afinal cumprira-se a maldição! D. Mendo Paiva jurou vingar-se, e a partir desse dia, tornou-se o cristão mais sanguinário que os mouros alguma vez haviam visto.
      Em memória da moura que desejara e uma maldição matara, chamou àquele recanto de Sintra, Seteais.


      Ainda hoje nos jardins de Seteais há um sitio onde se alguém soltar um "ai", ouvirá um eco que o irá repetir seis vezes, tal como a moura, cujo espírito continua a pairar nos jardins.
 

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